A campanha Two Sides, que chegou ao Brasil neste ano, divulgou em coletiva na sede da Abigraf os resultados da Pesquisa Opinião sobre a Comunicação Impressa, realizada pelo Instituto Datafolha. Participaram do encontro profissionais da imprensa, representantes de entidades e de companhias do setor.

A pesquisa Datafolha entrevistou 2074 pessoas com mais de 16 anos em 135 municípios, tanto de metrópoles como do interior, entre os dias 4 e 8 de agosto. O nível de confiabilidade é de 95%, com margem de erro de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.

Segundo o estudo, a preferência por livros, revistas e cartas em papel é característica, respectivamente, de 59%, 56% e 55% da população. Na mesma sequência, os que preferem o meio eletrônico para essas leituras correspondem a 35%, 37% e 38%. A equação inverte-se, embora com menor margem de diferença, entre os leitores de jornal – 48% preferem o eletrônico contra 46% pró-impresso. Mas 80% afirmam que ler em papel é mais agradável do que ler em uma tela.

Também no que diz respeito à conservação de documentos importantes, o impresso é disparadamente o favorito: 82%, ante apenas 17% de adeptos de mídias eletrônicas para esses arquivos.

De maneira geral, a percepção do eletrônico como mídia mais sustentável ocorre com maior frequência entre a população jovem (16 a 34 anos), com ensino superior e pertencente às classes A e B.

Sustentabilidade

Um das perguntas foi a percepção sobre o número de florestas brasileiras. 89% dos entrevistados consideraram que o tamanho das florestas brasileiras tenha diminuído nos últimos 50 anos. 6% acha que aumentou e 5% que se manteve igual.

Outra percepção diferente da real foi quando perguntado sobre a quantidade de papel reciclado no país. De acordo com a Bracelpa, em levantamento de 2012, são 46% de papel reciclado no Brasil. Apenas 9% dos entrevistados citaram a taxa de 40 a 49%.

É quase unânime (95%) a percepção – em favor do papel – da importância da renovação de florestas para conter o aquecimento global e da reciclagem como característica de produtos sustentáveis (reconhecida por 92% dos entrevistados).

Sobre a lembrança de propaganda sobre o uso sustentável de papel da comunicação impressa, 80% declarou não ter visto anúncios e propagandas do gênero. O restante, 20%, lembrou ter visto e os considerou positivos: 90% declarou que as informações eram úteis e 84% que eram confiáveis.

O country manager da campanha no País, Fabio Arruda Mortara, presidente do Sindicato das Indústrias Gráficas no Estado de São Paulo (Sindigraf-SP), entidade que coordena a implementação da Two Sides Brasil, falou sobre a importância do estudo: "É uma pesquisa inédita e um passo importante para o Two Sides no Brasil. O movimento ganha força nos cinco continentes, crescendo para outros países ao redor do mundo. Queremos intensificar as ações para mostrar que no Brasil 100% do papel usado no impresso vem de florestas plantadas. Atualmente, são 42 entidades unidas neste esforço"; dentre eles a ANJ (Associação Nacional de Jornais) e a Aner (Associação Nacional de Editores de Revistas).

Mortara destacou que o esforço agora está em ampliar as propagandas sobre a comunicação impressa. “Apenas 20% dos entrevistados já tinham visto alguma propaganda sobre a sustentabilidade do papel e da comunicação impressa. É fácil inferir que faltam informações confiáveis, o que deixa brechas para mitos que alimentam a prática de greenwashing, quando empresas preocupadas em reduzir seus custos recorrem a argumentos supostamente ecológicos para cessar o envio de extratos, boletos e outras correspondências de interesse do consumidor. Temos a missão de desconstruir esse mitos”, finaliza.