Para mostrar a relevância da embalagem de papel, as entidades Two Sides, Ibá e Empapel promoveram na manhã de 1º de julho o evento Embalagem de Papel: A Escolha Segura. A iniciativa contou com especialistas de mercado falando sobre como o papel vem avançando no mercado de embalagens e, especialmente, exemplos criativos do uso de papel nas embalagens.

O evento foi mediado pela jornalista Paulina Chamorro, que reforçou a relevância do papel, especialmente nos tempos atuais. O primeiro a falar foi Eduardo Brasil, diretor executivo da Empapel (Associação Brasileira de Embalagem de Papel), que deu as boas-vindas e falou que o setor do papel é sempre uma referência para entender as mudanças da economia e é um dos que mais cresceram na pandemia.

Eduardo relatou dados de maio de 2021 do mais recente levantamento feito pela Empapel em parceria com a FGV (Fundação Getúlio Vargas), mostrando que a embalagem de papel e papelão se mantém em ritmo alto e batendo recordes. Já são 10 meses consecutivos com recorde de produção, mostrando a força do mercado. Na prévia dos números de abril, há crescimento de 24% em relação ao mesmo mês do ano passado.

A Empapel relatou os desafios intensos dos fabricantes de embalagem para se adaptar à realidade da pandemia e seguir com o crescimento do setor, período que coincidiu com a transição da entidade de ABPO (Associação Brasileira de Papelão Ondulado) para a Empapel, mudando o escopo da associação, especialmente olhando para as novas maneiras de consumir e produzir, com as embalagens de papel sendo sustentáveis e atuando de forma estratégica em sociedade que cobra cada vez mais a produção sustentável.

O diretor executivo da Ibá, embaixador José Carlos da Fonseca Junior, destacou que a entidade representa um amplo arranjo produtivo presente em todo o Brasil. Ele destacou que é um setor gerador de renda, focado em desenvolvimento ambiental. Fonseca relatou que a sociedade depende da sustentabilidade, funcionando com práticas e procedimentos por parte das empresas para que se possa ganhar credibilidade e reputação, aumentando a produtividade sem explorar mais os bens naturais.

Manoel Manteigas de Oliveira, diretor técnico da Two Sides, falou da história e da atuação da organização para explicar o que é verdade e o que é falso no impacto ambiental da produção de celulose, mostrando que nossa indústria é sustentável e amiga do meio ambiente, promovendo o consumo consciente e o aumento da reciclagem. A Two Sides chegou ao Brasil em 2014 e agora conseguiu expandir sua atuação pela América Latina.

A importância do papel

A jornalista Paulina Chamorro abriu os trabalhos falando que os tempos atuais trouxeram novos modelos de fazer negócios, com a economia circular e o poder de escolha cada vez maior em nossas mãos. Houve aumento de pedido de delivery, e-commerce, trazendo mais embalagens para nossa casa. O consumo consciente de escolher embalagem com menos impacto ambiental é outra tendência, com produtos que atendem os conceitos de design circular.

Chamorro detalhou que o papel é uma matéria-prima renovável, com a celulose usada para fabricar embalagem de papel vinda de florestas replantadas, com alta taxa de reciclabilidade e sendo de fato biodegradável. As embalagens, diz ela, são versáteis, com diferentes tamanhos, formatos e aptas para atender as mais diversas necessidades. Ela pode transportar itens com segurança, evitando desperdício, como é o caso das caixas de papelão. Também protege alimentos e objetos sensíveis para diminuir perdas.

Assim, diz a jornalista, a embalagem de papel torna-se uma escolha natural e um caminho para a nova economia, com processos que têm como objetivo a criação de produtos que possam ser reciclados ou reutilizados. Na economia circular nada morre, tudo é reaproveitado e transferido em novos bens.

O inglês Tom Hallam, consultor de marcas, falou sobre meio ambiente e inovações sustentáveis em embalagem de papel. Ele falou sobre economia circular e que, quanto mais florestas, mais oportunidade de diminuir as taxas de mudanças climáticas. Hallam destacou sobre a importância das empresas entenderem as certificações disponíveis no setor e usarem os logos nas embalagens de tais certificações, comunicando os consumidores sobre suas poderes credenciais ambientais.

Para o especialista, o uso de papel certificado e sustentável reduz o risco na cadeia de fornecimento, protege comunidades locais e apoia a sustentabilidade. Na economia circular, os profissionais precisam estar atentos nos modelos para eliminar a ineficiência de recursos, não só no papel e na embalagem, mas em qualquer setor. O pensamento precisa estar em reduzir, reutilizar e reciclar.

O eco-design, destacou o profissional, deve nos conduzir, sempre que uma embalagem surgir precisamos considerar a minimização do impacto na cadeia de valor. Ele passou uma série de excelentes exemplos, como o Flexo-hex protective packaging, uma embalagem protetiva feita de papelão que começou protegendo pranchas de surf e depois foi para outra setores, não usando plástico para proteger o produto interno, com uma construção hexagonal que oferece uma proteção muito boa. É feita de material 100% reciclado e é 100% reciclável.

Outra inovação é embalagem de papel para o e-commerce e até para o transporte. Um exemplo criativo é a can toppers, uma embalagem de papel para cobrir e transportar pack de latas, trocando o anel plástico que conecta as latas por papel. Ela é feita de materiais certificados e é reciclável.

Agora, inclusive, há até a a garrafa de papel com marcas como Coca-Cola, Diageo, Carlsberg e Absolut olhando para esse nicho, visando uma ampla gama de aplicações, saindo inclusive das bebidas e pegando produtos de higiene, por exemplo. Possui uma pegada de carbono muito menor na comparação com vidro e PET. Tal inovação pode chegar ao Brasil em breve.

Outra inovação mostrada foi o “papel transparente”, que é translúcido e pode ser usado de muitas formas, como em alimentos, itens de cuidado pessoal, tendo zero plástico e a mesma qualidade de barreira do filme plástico. O papel virgem é certificado e sustentável e, por ser 100% reciclável, pode ser compostado em casa.

A CEO da A10 Design, Margot Takeda, falou do papel do design de embalagem na economia circular. Ela destacou que as grandes marcas estão cada vez mais engajadas na economia circular, até porque esta é uma demanda da sociedade, que toma decisões com base nas conexões emocionais com uma determinada marca.

O reforço da marca por meio de uma estratégia de inovação circular é uma bandeira para construir lealdade do ciente, mas encontrar a mensagem certa é fundamental. A empatia vem de uma combinação da promessa de marca mais o valor para o consumidor e com as oportunidades presentes nesta economia circular.

Margot deu vários exemplos de como o design pode ajudar nesta construção de pensamento:

- Reuso da embalagem: a mesma embalagem sendo utilizada para outras finalidades.
- Estratégias como reutilização, compartilhamento, remanufaturamento e recondicionamento.
- Soluções pensadas para menor impacto ambiental
- Utilizar a própria embalagem para educar os consumidores
- Pesquisa de novos materiais oriundos de pontos renováveis
- Redução de embalagens secundárias e ternárias.

A especialista destacou que, como designer, vê o papel como um dos materiais mais viáveis da economia circular, embora todos os setores estão hoje preocupados com a questão ambiental. Takeda também trouxe diversos exemplos de cases que mostram o impacto dos materiais sustentáveis em um pensamento contemporâneo de design.

Entre eles, estão embalagens compostáveis, flowpacks, garrafas de papel e mais. A preocupação como designer, relata, está em entender e mostrar a importância da sustentabilidade para as pessoas, como as pessoas vão sentir, ver e perceber o produto. Para esta construção há uma tecnologia presente, como o uso cada vez maior de QR Codes, e produtos com propriedades antimicrobianas.

Encerrando as palestras, Fabio Mortara, country manager da Two Sides, mostrou resultados de uma pesquisa sobre a visão dos consumidores sobre as embalagens. Foi um estudo global feito em 2021 em parceria com a Toluna, com 8800 consumidores em 12 países, incluindo o Brasil. A pesquisa mostrou as percepções ambientais e preferências sobre embalagens.

Finalizando o evento, executivos das empresas patrocinadoras (Ibema, Klabin, Suzano e Westrock) trataram de como vem atuando na meta de alcançar as melhores metas de sustentabilidade.