Se alguém dissesse a um aspirante a jogador de voleibol que um dia ele se tornaria o primeiro diretor brasileiro de uma multinacional, ninguém acreditaria. Pois foi exatamente isso que aconteceu com o diretor de vendas da Canon do Brasil, Fabiano Peres, o primeiro brasileiro a ocupar o cargo de diretor na companhia. Antes, a Canon só exportava profissionais dos Estados Unidos ou do Japão para ocupar esta posição.

Em julho deste ano, Fabiano Peres, após mais de 18 anos na empresa, se tornou diretor graças aos resultados obtidos e projetos implantados dentro da organização japonesa. Sua jornada no mundo profissional começou ainda em 1997, com 15 anos, quando começou a trabalhar em um depósito de materiais de construção de um tio no Guarujá.

Quando ainda era criança, Fabiano queria ser engenheiro, por gostar de construir coisas, ou então atleta, por ter uma paixão por esportes. De alta estatura, na época acima da média de seus amigos, e hoje de seus companheiros de trabalho, possui 1,98 de altura, o diretor de vendas Printing Solution Group da Canon começou a jogar voleibol por equipes de São Paulo.

“Tive passagens por Santo André, São José do Rio Preto, São Bernardo do Campo e Diadema. Joguei em campeonatos paulistas, jogos regionais, jogos abertos do interior e diversos campeonatos escolares. Era um jogador com raça”, diz ele sorrindo.

Fabiano foi atrás de seus dois sonhos, entrou na faculdade de engenharia e continuou jogando. “Lembro que estava disputando os jogos abertos do interior em Santos e fazendo a semana de provas na FEI em São Bernardo ao mesmo tempo, fazia prova, descia a serra, jogava e depois voltava correndo para a prova no dia seguinte”, diz ele.

Essa rotina esmagadora custou caro para Fabiano, ele “bombou” na faculdade pela primeira vez. “Nessa época comecei a avaliar que talvez eu não estava disposto a pagar o preço de ser um atleta no Brasil e preferi seguir somente com os estudos, e que procuraria um emprego”, afirma ele.

Após ir ao banco de emprego em Santo André, Fabiano entrou para a Atento, onde trabalhava no suporte técnico por telefone para um dos primeiros serviços de banda larga, o Speedy da telefônica. “Era uma jornada de 6 horas com apenas 15 minutos de intervalo. Uma chamada atrás da outra, um cliente mais estressado do que o outro”, conta Fabiano que estava decidido a procurar um estágio na área de engenharia.

“Foi quando a Canon me chamou para o processo seletivo, com outros 7 candidatos. Fiquei muito feliz por ter passado”, disse. “Lembro de chegar na Canon e ficar impressionado com a imponência do prédio e com o tamanho da empresa, apenas o fato de poder tomar cafezinho de graça e poder levantar da mesa quando quisesse já eram coisas novas para mim”, relembra o diretor.

“Agarrei com unhas e dentes a oportunidade e usei toda empatia que tinha aprendido na experiência anterior para atender os clientes, que eram muito mais gentis”. Rapidamente o ex-jogador de vôlei se destacou e foi convidado para compor a área comercial no recém-inaugurado departamento de pré-vendas.

Em toda a jornada até se tornar diretor, um dos maiores desafios de Fabiano foi quando ele recebeu a promoção para gerente. “Na época, a área que assumi estava deficitária gerando prejuízo praticamente a cada venda, ou seja, quanto mais vendíamos pior era para a empresa e, ao mesmo tempo, estávamos com um movimento de downsizing na empresa e não pude colocar um supervisor para assumir minhas funções anteriores”, afirma.

Fabiano explica que entendeu a nova função e desempenhando o papel de supervisor e gerente ao mesmo tempo. “Nesse período 3 meses trabalhei 12 horas no mínimo todos os dias, às vezes 14 horas. Quando percebi que eu não conseguiria ter uma vida equilibrada trabalhando desta forma, comecei a potencializar o desenvolvimento da minha equipe, ensinando, acompanhando e delegando mais responsabilidades para todos e combinado com um programa de metas e recompensas mais arrojado, consegui extrair mais da minha equipe e ao mesmo tempo que eles se sentiram mais “poderosos” gerando um efeito de produtividade e satisfação/realização muito positivo, o que também acabou me “liberando” para trabalhar mais focado no planejamento do futuro da minha área e consequentemente da minha carreira”, explica.

A estratégia funcionou, já que hoje, a área de vendas indiretas se tornou a maior fonte de lucro e receita da empresa. Fabiano acredita que os mais jovens devem sempre acreditar que as coisas vão dar certo, e aprender quando elas dão errado. “Lembre-se que todos temos nossos limites e que para carregar mais peso você tem que aprender a dividir, não tenha medo de ensinar o que você sabe, pois, ensinar é uma qualidade básica que todo líder deve ter”, explica.

Fabiano afirma que a Canon tem esse foco, dividir e compartilhar conhecimento para alcançar os objetivos. E a estratégia se comprova verdadeira quando observamos os números da Canon nos últimos anos. Um deles foi o crescimento exponencial de market share de 2% a 27% em apenas dois anos. Fabiano também foi o chefe do desenvolvimento do canal de distribuição para produtos Canon Laser gerando crescimento de receita de 185% nos últimos 3 anos, entre outras conquistas.

Outra conquista sob o comando de Fabiano foi o prêmio CAPA - Canon Americas President Award -, por conta principalmente da performance de vendas dos nossos parceiros no mercado de impressão laser, por causa do crescimento no market share mencionado acima. “Esse é um prêmio interno, mas muito importante para a Canon. Ele foi resultado de um trabalho em equipe bem organizado”, conta Fabiano.