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Práticas Sustentáveis na Impressão Flexográfica Banda Larga: Caminhos para a Redução de Impacto Ambiental na Produção de Embalagens
21Jul/25

Práticas Sustentáveis na Impressão Flexográfica Banda Larga: Caminhos para a Redução de Impacto Ambiental na Produção de Embalagens

Autora: Laura Sánchez Sánchez
Especialista em Embalagens Sustentáveis e Processos Gráficos
LinkedIn: linkedin.com/in/laura-sanchez-sanchez-39a69013

Resumo

A impressão flexográfica banda larga é amplamente utilizada na produção de embalagens flexíveis, especialmente nos segmentos de alimentos, higiene e limpeza. Com o avanço das políticas ambientais, normas ESG e demandas de consumo consciente, práticas sustentáveis vêm sendo integradas aos processos industriais, sem comprometer a qualidade e a produtividade. Este artigo técnico apresenta ações sustentáveis aplicáveis à flexografia banda larga, desde a seleção de insumos até o controle de resíduos e consumo energético. Também são discutidos casos de sucesso e caminhos possíveis para a inovação verde no setor.

1. Introdução

A indústria de embalagens flexíveis tem papel estratégico na logística, segurança alimentar e comunicação das marcas. A flexografia banda larga, como tecnologia dominante nesse segmento, vem evoluindo significativamente no que tange à produtividade, qualidade de impressão e adaptação a substratos diversos. No entanto, seu impacto ambiental – proveniente de tintas com solventes, geração de resíduos, consumo de energia e descarte de materiais – tornou-se uma preocupação crescente diante das metas globais de descarbonização e economia circular.

Diante desse cenário, as empresas do setor de impressão passaram a investir em práticas sustentáveis como diferencial competitivo, exigência regulatória e compromisso com o meio ambiente. O desafio atual é incorporar a sustentabilidade sem comprometer os padrões de qualidade, produtividade e segurança exigidos pelo mercado.

2. Tintas e Solventes de Baixo Impacto

O uso de tintas à base de água e tintas UV tem se tornado uma das principais medidas sustentáveis na flexografia banda larga. Elas apresentam baixos níveis de compostos orgânicos voláteis (VOCs), menor risco de inflamabilidade e reduzido impacto toxicológico para operadores e meio ambiente.

Além disso, há um crescente interesse por tintas com pigmentos naturais ou de base biológica, que aliam desempenho técnico à renovabilidade. A substituição de solventes convencionais por alternativas como etanol ou solventes recicláveis também está entre as boas práticas adotadas por empresas líderes no setor.

3. Substratos Sustentáveis e Economia Circular

A escolha do substrato impacta diretamente na reciclabilidade, biodegradação e performance ambiental da embalagem. Entre as práticas observadas:

  • Utilização de filmes plásticos monomaterial recicláveis (ex: PE-PE, PP-PP) para facilitar a separação na cadeia pós-consumo;
  • Papéis com coating barreira para substituir estruturas laminadas multicamadas não recicláveis;
  • Insumos certificados (FSC, PEFC, ISCC) que asseguram a rastreabilidade da matéria-prima;
  • Parcerias com recicladoras para fechamento de ciclo (logística reversa ou reintegração de aparas).


 

4. Eficiência Energética no Processo de Impressão

Impressoras modernas banda larga já incorporam tecnologias que reduzem o consumo energético e melhoram o desempenho térmico, como:

  • Sistemas de secagem de ar quente otimizados com controle inteligente de temperatura;
  • Lâmpadas LED-UV com menor consumo e maior vida útil;
  • Motores com inversores de frequência que evitam picos de energia;
  • Automação e monitoramento remoto para detectar perdas energéticas e gargalos.

Empresas que investiram em sistemas de secagem de tinta com recuperação térmica relataram reduções de até 30% no consumo de energia, além de maior estabilidade no tempo de secagem.

 

 

5. Redução de Resíduos e Reaproveitamento de Materiais

A gestão de resíduos na flexografia banda larga envolve tanto o reaproveitamento de materiais quanto a minimização de perdas durante o processo produtivo. Práticas implementadas incluem:

  • Reprocessamento de tintas excedentes por controle de formulação e viscosidade;
  • Reutilização de matrizes e sleeves, com cuidados de limpeza menos agressivos;
  • Otimização do setup para evitar desperdício de substrato nas trocas de trabalho;
  • Tratamento e reutilização de efluentes gráficos.

O uso de sistemas de visão artificial e controle automático de registro também colabora para reduzir erros de impressão e descartes, promovendo uma produção mais limpa e eficiente.

6. Gestão Sustentável e Certificações Ambientais

A adoção de práticas sustentáveis pode ser comprovada e estruturada por meio de certificações ambientais:

  • ISO 14001 – Sistema de Gestão Ambiental;
  • FSC – Cadeia de Custódia de Papéis e Cartões;
  • Ecocert, Cradle to Cradle, ISCC Plus, entre outras.

Além disso, diversas empresas do setor já estão implementando Análise de Ciclo de Vida (ACV) para mensurar impactos ambientais de seus produtos e identificar pontos críticos de melhoria contínua.

7. Estudos de Caso

Case 1 – Tintas Aquosas em Embalagens Alimentícias 

Uma gráfica brasileira do setor de alimentos adotou tintas à base de água para impressão de rótulos e filmes de PE. A troca reduziu em 70% a emissão de VOCs e aumentou em 15% a produtividade pela eliminação de paradas técnicas relacionadas à ventilação da cabine de impressão.

Case 2 – Sistema de Recuperação de Solventes 

Em uma planta no Sul do Brasil, um sistema de recuperação de solventes instalado na linha banda larga possibilitou a reutilização de mais de 80% do solvente aplicado na lavagem de anilox e mangueiras.

Case 3 – Impressão em Papel com Coating Barreira 

A substituição de estruturas plásticas complexas por substratos celulósicos com coating barreira à gordura e à umidade possibilitou a criação de embalagens recicláveis para produtos de panificação, com redução de 45% no tempo de decomposição e alta aceitação no mercado.

8. Desafios e Oportunidades

Embora o caminho da sustentabilidade esteja se consolidando, há desafios importantes a serem superados:

  • Custo inicial de transição tecnológica;
  • Treinamento de operadores e adaptação dos processos internos;
  • Disponibilidade de insumos certificados no mercado nacional;
  • Integração com parceiros e fornecedores alinhados à mesma visão ambiental.

Por outro lado, os ganhos reputacionais, operacionais e mercadológicos são cada vez mais evidentes. A sustentabilidade na impressão flexográfica banda larga deixou de ser uma tendência e passou a ser uma exigência de mercado – especialmente para empresas inseridas em cadeias globais de fornecimento.

9. Conclusão

A integração de práticas sustentáveis na impressão flexográfica banda larga é um caminho sem volta para empresas que desejam manter sua competitividade e relevância no mercado atual. Tintas de baixo impacto, substratos recicláveis, eficiência energética, reaproveitamento de insumos e certificações ambientais são pilares dessa transição.

Mais do que atender normas e expectativas, a sustentabilidade oferece à indústria gráfica a oportunidade de inovar, otimizar custos e contribuir ativamente para uma economia mais circular e consciente.

 

Referências

  1. FTA – Flexographic Technical Association. Sustainability in Flexographic Printing, 2023. 
  2. ABFLEXO/FTA-Brasil. Manual de Boas Práticas Ambientais na Impressão Flexográfica, 2022. 
  3. ATINFO. Tintas Flexográficas Sustentáveis: Tendências e Tecnologias, Edição 89, 2023. 
  4. EPA – Environmental Protection Agency. Best Practices for Reducing VOCs in Printing Operations, 2021. 
  5. CTPP – Centro Tecnológico da Indústria Gráfica. Estudo Comparativo de Substratos Sustentáveis para Impressão Flexográfica, 2023. 
  6. BRASKEM. Portfólio de PE e PP para Embalagens Monomateriais Sustentáveis, 2024. 
  7. ESKO. Whitepaper: Energy Efficiency in Flexographic Printing Systems, 2022.

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