
Autora: Laura Sánchez Sánchez
Especialista em Embalagens Sustentáveis e Processos Gráficos
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Resumo
A impressão flexográfica banda larga é amplamente utilizada na produção de embalagens flexíveis, especialmente nos segmentos de alimentos, higiene e limpeza. Com o avanço das políticas ambientais, normas ESG e demandas de consumo consciente, práticas sustentáveis vêm sendo integradas aos processos industriais, sem comprometer a qualidade e a produtividade. Este artigo técnico apresenta ações sustentáveis aplicáveis à flexografia banda larga, desde a seleção de insumos até o controle de resíduos e consumo energético. Também são discutidos casos de sucesso e caminhos possíveis para a inovação verde no setor.
1. Introdução
A indústria de embalagens flexíveis tem papel estratégico na logística, segurança alimentar e comunicação das marcas. A flexografia banda larga, como tecnologia dominante nesse segmento, vem evoluindo significativamente no que tange à produtividade, qualidade de impressão e adaptação a substratos diversos. No entanto, seu impacto ambiental – proveniente de tintas com solventes, geração de resíduos, consumo de energia e descarte de materiais – tornou-se uma preocupação crescente diante das metas globais de descarbonização e economia circular.
Diante desse cenário, as empresas do setor de impressão passaram a investir em práticas sustentáveis como diferencial competitivo, exigência regulatória e compromisso com o meio ambiente. O desafio atual é incorporar a sustentabilidade sem comprometer os padrões de qualidade, produtividade e segurança exigidos pelo mercado.
2. Tintas e Solventes de Baixo Impacto
O uso de tintas à base de água e tintas UV tem se tornado uma das principais medidas sustentáveis na flexografia banda larga. Elas apresentam baixos níveis de compostos orgânicos voláteis (VOCs), menor risco de inflamabilidade e reduzido impacto toxicológico para operadores e meio ambiente.
Além disso, há um crescente interesse por tintas com pigmentos naturais ou de base biológica, que aliam desempenho técnico à renovabilidade. A substituição de solventes convencionais por alternativas como etanol ou solventes recicláveis também está entre as boas práticas adotadas por empresas líderes no setor.
3. Substratos Sustentáveis e Economia Circular
A escolha do substrato impacta diretamente na reciclabilidade, biodegradação e performance ambiental da embalagem. Entre as práticas observadas:
- Utilização de filmes plásticos monomaterial recicláveis (ex: PE-PE, PP-PP) para facilitar a separação na cadeia pós-consumo;
- Papéis com coating barreira para substituir estruturas laminadas multicamadas não recicláveis;
- Insumos certificados (FSC, PEFC, ISCC) que asseguram a rastreabilidade da matéria-prima;
- Parcerias com recicladoras para fechamento de ciclo (logística reversa ou reintegração de aparas).
4. Eficiência Energética no Processo de Impressão
Impressoras modernas banda larga já incorporam tecnologias que reduzem o consumo energético e melhoram o desempenho térmico, como:
- Sistemas de secagem de ar quente otimizados com controle inteligente de temperatura;
- Lâmpadas LED-UV com menor consumo e maior vida útil;
- Motores com inversores de frequência que evitam picos de energia;
- Automação e monitoramento remoto para detectar perdas energéticas e gargalos.
Empresas que investiram em sistemas de secagem de tinta com recuperação térmica relataram reduções de até 30% no consumo de energia, além de maior estabilidade no tempo de secagem.
5. Redução de Resíduos e Reaproveitamento de Materiais
A gestão de resíduos na flexografia banda larga envolve tanto o reaproveitamento de materiais quanto a minimização de perdas durante o processo produtivo. Práticas implementadas incluem:
- Reprocessamento de tintas excedentes por controle de formulação e viscosidade;
- Reutilização de matrizes e sleeves, com cuidados de limpeza menos agressivos;
- Otimização do setup para evitar desperdício de substrato nas trocas de trabalho;
- Tratamento e reutilização de efluentes gráficos.
O uso de sistemas de visão artificial e controle automático de registro também colabora para reduzir erros de impressão e descartes, promovendo uma produção mais limpa e eficiente.
6. Gestão Sustentável e Certificações Ambientais
A adoção de práticas sustentáveis pode ser comprovada e estruturada por meio de certificações ambientais:
- ISO 14001 – Sistema de Gestão Ambiental;
- FSC – Cadeia de Custódia de Papéis e Cartões;
- Ecocert, Cradle to Cradle, ISCC Plus, entre outras.
Além disso, diversas empresas do setor já estão implementando Análise de Ciclo de Vida (ACV) para mensurar impactos ambientais de seus produtos e identificar pontos críticos de melhoria contínua.
7. Estudos de Caso
Case 1 – Tintas Aquosas em Embalagens Alimentícias
Uma gráfica brasileira do setor de alimentos adotou tintas à base de água para impressão de rótulos e filmes de PE. A troca reduziu em 70% a emissão de VOCs e aumentou em 15% a produtividade pela eliminação de paradas técnicas relacionadas à ventilação da cabine de impressão.
Case 2 – Sistema de Recuperação de Solventes
Em uma planta no Sul do Brasil, um sistema de recuperação de solventes instalado na linha banda larga possibilitou a reutilização de mais de 80% do solvente aplicado na lavagem de anilox e mangueiras.
Case 3 – Impressão em Papel com Coating Barreira
A substituição de estruturas plásticas complexas por substratos celulósicos com coating barreira à gordura e à umidade possibilitou a criação de embalagens recicláveis para produtos de panificação, com redução de 45% no tempo de decomposição e alta aceitação no mercado.
8. Desafios e Oportunidades
Embora o caminho da sustentabilidade esteja se consolidando, há desafios importantes a serem superados:
- Custo inicial de transição tecnológica;
- Treinamento de operadores e adaptação dos processos internos;
- Disponibilidade de insumos certificados no mercado nacional;
- Integração com parceiros e fornecedores alinhados à mesma visão ambiental.
Por outro lado, os ganhos reputacionais, operacionais e mercadológicos são cada vez mais evidentes. A sustentabilidade na impressão flexográfica banda larga deixou de ser uma tendência e passou a ser uma exigência de mercado – especialmente para empresas inseridas em cadeias globais de fornecimento.
9. Conclusão
A integração de práticas sustentáveis na impressão flexográfica banda larga é um caminho sem volta para empresas que desejam manter sua competitividade e relevância no mercado atual. Tintas de baixo impacto, substratos recicláveis, eficiência energética, reaproveitamento de insumos e certificações ambientais são pilares dessa transição.
Mais do que atender normas e expectativas, a sustentabilidade oferece à indústria gráfica a oportunidade de inovar, otimizar custos e contribuir ativamente para uma economia mais circular e consciente.
Referências
- FTA – Flexographic Technical Association. Sustainability in Flexographic Printing, 2023.
- ABFLEXO/FTA-Brasil. Manual de Boas Práticas Ambientais na Impressão Flexográfica, 2022.
- ATINFO. Tintas Flexográficas Sustentáveis: Tendências e Tecnologias, Edição 89, 2023.
- EPA – Environmental Protection Agency. Best Practices for Reducing VOCs in Printing Operations, 2021.
- CTPP – Centro Tecnológico da Indústria Gráfica. Estudo Comparativo de Substratos Sustentáveis para Impressão Flexográfica, 2023.
- BRASKEM. Portfólio de PE e PP para Embalagens Monomateriais Sustentáveis, 2024.
- ESKO. Whitepaper: Energy Efficiency in Flexographic Printing Systems, 2022.
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