Dentro da programação do Dia da Indústria Gráfica, promovido pela ABTG, Abigraf Nacional e Abigrafs Regionais, uma convidada de honra foi Luiza Helena Trajano, uma das maiores empresárias do Brasil e referência na área em que atua, além de uma profissional que luta diariamente por um Brasil melhor. Em uma conversa aberta e descontraída, ela transmitiu muitas dicas aos presentes, exaltando a importância da inovação na indústria de impressão.

Trajano iniciou deixando claro: “O digital não é uma tecnologia, não é um software: é uma cultura!”. E uma cultura que veio para mudar tudo, diz: “O mundo mudou. A forma de ganhar, de gerir seu negócio, não é a mesma. E a pandemia acelerou um processo que poderia levar 10, 15 anos”

A conexão digital vai continuar e temos que nos reinventar. Luiza reforçou esse recado especialmente para as gráficas e para as editoras de livro. Recentemente, ela adquiriu a Estande Virtual, que também é uma iniciativa que está em processo de reinvenção. Ao fazer uma reunião com livreiros, a empresária viu a paixão do setor, e relatou inclusive que no exterior a Estande Virtual é mais famosa até que empresa como a Netshoes, também adquirida recentemente pelo Magazine Luiza. O foco da companhia, diz, é que ela ajude a cultura brasileira, reforce a paixão pelos livros, entre nas escolas.

A tecnologia sempre esteve na mente da empresária, que ainda em 1991 inaugurou uma loja “dos anos 2000”, sem produtos. Mesmo com toda a evolução, ela relatou que são dois poderes essenciais atualmente: o primeiro é o digital, com tecnologia e informação. O segundo é o relacionamento, com o melhor atendimento. “O mais difícil é não perder a alma, a cultura, o jeito de ser. Esse é o maior desafio, minha maior preocupação: não perder a essência”.

Trajano relatou que mudanças não podem paralisar e é preciso ter coragem de ir mudando com o tempo. No caso da pandemia, foi preciso entender que era necessário aprender tudo de novo.

Novos tempos

Um dos tópicos questionados foi sobre empresas familiares. A executiva disse que empresas familiares, como a dela, já foram mal vistas mas hoje há estudos no mundo inteiro que as empresas que permanecem vivas por até 100 anos são as que eram geridas por famílias. Ainda assim, destacou que os profissionais precisam ter planos de carreira.

Sobre os novos modos de compra, ela ressaltou que as gráficas não vão acabar, assim como as lojas físicas. Tanto que as grandes redes online, como Amazon e Alibaba, já começaram a comprar lojas físicas. Ao acreditar firme em seu propósito, Luiza viu as ações de sua empresa estarem as que mais valorizam no mundo.

Para superar as adversidades, é preciso união. Luiza Helena Trajano notou tal ponto quando foi a uma feira nos Estados Unidos há cinco anos. Lá, viu a união do setor e logo após decidiu, junto com outras grandes empresas do setor, criar o IDV - Instituto do Desenvolvimento do Varejo. Eles passaram a lutar pelo segmento e este foi o conselho: as empresas do setor precisam se unir para buscar melhorias.

A paixão de Trajano pelo Brasil fica clara, especialmente pelos projetos, como a participação no Projeto Mulheres pelo Brasil, que reúne melhores de todos os segmentos, de todo o país e até de diferentes continentes. “Nos juntamos para fazer acontece, buscar evoluir. Estamos planejando o Brasil pensando em saúde, educação, habitação, sustentabilidade. Vamos montar um projeto para o país”. Essa união já gerou resultados, especialmente na busca por acelera o processo de vacinação no país.

Os novos tempos estão também no pensamento de maior busca por propósito e aceitação. Luiza Helena Trajano sempre rodou o Brasil e não só para falar de negócios, e sim de propósito, de preocupação com diversidade, de promover mulheres e negros no comando das empresas. É unir lucro, sobrevivência da empresa e propósito. “Eu já precisei abrir mão de capital para não abrir mão do propósito. Quando falava em propósito vem 2011, não dava resultado, as pessoas queriam saber de resultados. Hoje é diferente. Quem não ver isso não vai sobreviver”.

Embalagens

Um dos pontos citados por Luiza Helena Trajano foi a questão da embalagem: “É um segmento forte que vai ter que investir, especialmente com a sustentabilidade e com as embalagens mais seguras. A embalagem é tão importante no digital como um cartaz na rua pra gente. Temos que pensar como podemos fazer mais por menos, como oferecer inovação para meu cliente de embalagem? Como posso atingir o público? A embalagem vai crescer muito.

Porém, Luiza ressalta: “A embalagem precisa ser leve, sustentável, e quanto mais vendedora ela for, melhor. Se tivesse uma empresa de impressão teria uma área de embalagem só para oferecer embalagem criativa ao mercado. Quanto mais cresce o e-commerce, mais a embalagem vai crescer. É o segmento que mais vai crescer. É criar, colocar gente pra inovar, focar em design. É tanta coisa que pode fazer, com mais por menos, é só pensar diferente, pois a embalagem também não pode ser pensada como era antes. Embalagem é o cartão de visita para todos”.